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A atualidade de Lima Barreto

        Lima Barreto é um dos escritores mais atuais da Literatura Brasileira. Cronista por excelência, ele dedicou sua vida inteira à arte da escrita como ofício com primor e beleza. O mais angustiante, entretanto, é pensar que ele foi um injustiçado durante toda a sua existência, marcada pelo preconceito e entregada ao alcoolismo e à vida nas sarjetas sujas do subúrbio carioca. Lima Barreto morreu doente e pobre, mas apesar disso deixou-nos um legado fantástico de obras que até hoje chamam a atenção pelos detalhes ainda tão atuais para o cenário político-econômico brasileiro. Abaixo, algumas frases que muito tem relação com nossa atual condição e que foram escritas há mais de 100 anos em livros como Clara dos Anjos, Os Bruzun-

Lucas Carvalho

dangas e O Triste Fim de Policarpo Quaresma, cujas análises e leitura estão já disponíveis aqui no nosso blog:

“Havia na vida, ou, por outra, nas relações entre os homens, um guia silencioso e secreto, que pesava os nossos atos e pedia, para dar-lhes apoio e encaminhar-nos para uma paz interior e um contentamento conosco mesmos, o emprego, em todas as nossas ações, do Justo, do Leal, do Verdadeiro e do Generoso; e esse guia (...) dava força aos fracos, coragem aos tímidos e uma seráfica satisfação quando cumpríamos o nosso dever com honra e dignidade. Esse guia era a Consciência.”

(Lima Barreto, em Clara dos Anjos)

 

 

“O povo tem em parte razão. Os seus políticos são o pessoal mais medíocre que há. Apegam-se a velharias, a cousas estranhas à terra que dirigem, para achar solução às dificuldades do governo. A primeira cousa que um político de lá pensa, quando se guinda às altas posições, é supor que é de carne e sangue diferente do resto da população. O valor de separação entre ele e a população que tem de dirigir faz-se cada vez mais profundo. A Nação acaba não mais compreendendo a massa dos dirigentes, não lhe entendendo estes a alma, as necessidades, as qualidades e as possibilidades”.

(Lima Barreto, em Os Bruzundangas)

  

“As leis são o esqueleto da sociedade, mas a feição de saúde ou doença destas, as suas necessidades terapêuticas ou cirúrgicas, são dadas pelo prévio conhecimento e exame, no momento, do Estado de certas partes externas e dos seus órgãos vitais, que são o seu comércio, a sua indústria, as suas artes, os sonhos do seu povo, os sofrimentos dele – toda essa parte mutável das comunhões humanas, cambiantes e fugidia, que só os fortes observadores, com grande inteligência, colhem em alguns instantes, sugerindo os remédios eficazes e as providências adequadas, para tal ou qual caso.”

(Lima Barreto, em Os Bruzundangas)

 

 

“Os preponderantes e influentes têm todo o interesse em não fazer subir os inteligentes, os ilustrados, os que entendem de qualquer cousa; e tratam logo de colocar em destaque um medíocre razoável que tenham mais ambição de subsídios do que mesmo a vaidade do poder.”

(Lima Barreto, em Os Bruzundangas)

 


“A superstição eleitoral é uma das nossas coisas modernas que mais há de fazer rir os nossos futuros bisnetos.”

(Lima Barreto, em Os Bruzundangas)

 

 

“A brutalidade do dinheiro asfixia e embrutece as inteligências.”

(Lima Barreto, em Os Bruzundangas)

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