A Estética da Vida

Aquele que um dia tirou alguém de sua terra, o escravizou, torturou, fez sofrer, viveu na completa ignorância.
Aquele que usou da divindade, alienou com falsa fé para impedir a expansão do conhecimento, viveu na completa ignorância.
Aquele que consigo trouxe a guerra, em seus olhos faiscou fúria, aniquilando vidas como meio de se exaltar e impor seus ideais, viveu na completa ignorância.
Aquele que se posiciona como o centro do mundo, dono do próprio destino, o egoísta que não estende a mão, vive na completa ignorância.
Aquele que usa da espiritualidade para determinar o certo e o errado sobre o seu próximo, arrancar o sustento de poucos oferecendo redenção, vive na completa ignorância.
Aquele que se dispõe a abrir a boca para exaltar sua cultura como superior às outras, aprisiona valores, impede a pluralidade e carrega-se no xenofobismo, vive na completa ignorância.
Aquele que vaia a expressão da inovação criativa dos ares de revolução, esnoba a modernidade e recusa-se a progredir, vive na completa ignorância.
Aquele que se atreve a cometer a loucura de tentar limitar as formas de amar, define limites ao abstrato, impõe padrões aos modos de se encontrar a felicidade, vive na completa ignorância.
Aquele que apenas aceita o que lhe é dito pelo sistema sem jamais questionar, patrocina a restrição de mentes, apoia a criação de medíocres, bonecos de argila, moldados pelo estado que os governam, vive na completa ignorância.
E aquele que se diz livre de qualquer insanidade e julga-se como o dono do conhecimento universal, apenas ignora que a verdade é múltipla e desconhecida pelo homem, vive na completa ignorância.
Stephanie Meiriño