A Vanguarda 

A Orquestra dos Enforcados

O azul do céu é a última coisa que nossos olhos veem.
Nesse palco de horrores pagamos nossas penas.
Ouvimos nossas almas gritando:
“Comeremos terra daqui em diante,
dormiremos juntos às pedras.”

Logo penso:
“Esta moeda em minha mão
será a ultima coisa que minha pele tocará,
a partir do momento em que minhas mãos ficarem fracas,
Eu e tu, Podridão, seremos um só!”

Passamos nossas vidas à beira da podridão,
fadados ao fracasso,
condenados à corrupção,
nossos destinos já estavam traçados desde o nascimento.

Nosso destino é apodrecer junto à terra
e antes de morrermos,
deixarmos nosso legado.
Nós, os loucos, os malfeitores e os sanguinários,
deixamos como legado o fracasso
impregnado em nosso sangue.

Desse palco, ouço vozes ao vento gritando ao público:
 “Ladrões e assassinos nunca irão morrer!”
Ai, Deus, o céu é a única coisa bela do mundo!
Sinto-me enojado em participar dessa horrenda festa,
dessa terrível orquestra dos enforcados!