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A Utopia Pública

  Sabemos muito bem a pressão de viver em sociedade. Não é simplesmente ter amigos ou ser gentil com seu vizinho do lado. Viver em sociedade é, muitas das vezes, privar-se de suas vontades, de seus sonhos e de seus anseios; não por vontade, mas por medo. Temos medo de que sejamos julgados por uma sociedade tão preconceituosa e desesperançosa (sem citar a sua hipocrisia). Temos medo de não ouvir um “sim”. E, além disso, temos medo das consequências de nossos atos. Afinal, até quando tudo isso vai durar? Até quando vamos ter que desistir de nós mesmos para não sermos resto da sociedade?
  Questionamentos a parte, venho expor minha simplória opinião sobre precisar desistir de nossas vidas para que não sejamos fracassados, como são taxados aqueles que não seguem o rígido estamento social. Não quero ser branco, não quero ser rico, não quero ser magro, não quero ser alto, não quero olhos azuis, não quero cabelos lisos, não quero carros, não quero fama, não quero luxo, não quero seguidores, não quero julgamentos. Do que preciso, na verdade, é de paz e talvez de um pouco de identidade própria. 

     Por que eu realmente preciso ser tudo aquilo que planejaram para mim? Meus pais planejaram que eu fosse um grande médico, mas e se eu for um grande artista? Meus amigos planejaram que eu fosse leal e compreensivo, mas e se eu simplesmente não for? Meus irmãos planejaram que eu tivesse uma bela namorada, mas e se eu não quiser ter alguém? Não preciso ser tudo aquilo que eu deveria ser pelo simples fato de quererem que eu seja. Eu sou eu. Você é você. Somos todos diferentes, mas precisamos ser todos iguais para que sejamos respeitados.
     Afinal, se você não for um grande advogado, você vai morrer pobre; e caso não possua uma namorada com você, você não é homem suficiente; se é mulher e não gosta que te desrespeitem (mesmo das maneiras mais cruéis), você fala muito. E, além disso, se não levar a medíocre vida cotidiana, você é taxado das coisas mais estranhas, como se sonhar ou viver seus sonhos fossem coisas fora da possibilidade de vida.
   Vivemos numa utopia social com uma vida planejada e precisamos segui-la. Precisamos nos calar. Precisamos nos submeter a isso. Precisamos ser quem não somos. Precisamos ser outros para que então finjamos que somos nós mesmos. Mas e quanto aos nossos anseios? Por enquanto, devemos guardá-los, até virarmos adultos, até decidirmos sobre nossas vidas. Porém, parando para pensar, vamos guardá-los para sempre, pois, de um jeito ou de outro, teremos que seguir a sociedade. Vamos continuar vivendo a vida de outros. Infelizes.
      Queria eu, pois então, viver meus próprios sonhos. Na verdade, minha utopia ideal seria ser feliz como sou, onde quer que eu esteja, com quem quer que eu esteja, fazendo o que quer que eu esteja...queria eu ser feliz por mim mesmo. Saiam da minha vida, pessoas alheias. A vida é minha!

Lucas Carvalho

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