Análise: Triste Fim de Policarpo Quaresma

TEMAS: A antirreligiosidade é um dos aspectos que podemos discutir na obra de Lima Barreto. Esta ideia perpassa os seus quatro principais romances.
Em o triste fim as primeiras referencias Deus são, apenas, exclamativas. Em outras situações Deus aparece como criador ou um divindade poderosa: “Trabalho igual Deus e os artistas?”.
A antirreligiosidade de Lima Barreto não se apresenta como puro materialismo steu e sim contra as exterioridades assumidas por alguns setores da igreja.
Durante o romance não se percebe nem uma caricatura dos membros da igreja com aparecia nos romances naturalistas-realistas como Eça de Queirós, Aluísio de Azevedo e Inglês de Souza.
As personagens de Lima Barreto agem de forma honesta sem cogitar apelo a Deus, pois Lima Barreto não quer uma igreja ligada ao poder político-econômico. Diante disso tornou-se critico das primeiras décadas da Republica Velha e fustigou o ufanismo e desnudou a Republica que mantinha os privilégios aristocráticos e militaristas.
LINGUAGEM: A linguagem usada por Lima Barreto nessa e obra, e nas demais, é uma linguagem de cunho simples, despojada de qualquer artificio da literatura considerada “o sorriso da sociedade”, trabalhada em escola literárias passadas. Ele pretendia criar um romance de subúrbio carioca que fosse acessível ao subúrbio carioca, mais próxima do povo e mais distante do erudito.
A OBRA: O Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance narrado em terceira pessoa, possui um narrador que não julga os fatos, deixando assim livre o leitor para assumir sua posição; ou de defesa ou de contrariedade. O narrador passa por papel de leitor de sua própria história, narrando e esperando os acontecimentos. Em discussões entre os personagens, o narrador não se posiciona, nem mesmo julga as suas atitudes.
As três partes em que são separadas o livro representam os três grandes sonhos do personagem. Na primeira Policarpo começa a apreender violão. Ele busca nas modinhas brasileiras o resgate da cultura. Na segunda, ele se muda para o sítio, buscando assim retirar das terras brasileiras seu sustento e acreditando que com tanta terra fértil, o melhor a ser feito era ser aproveitado. Já na terceira e última parte, o Major busca através de sua participação na revolta transformar o país. Acontece que desde o título do livro já está anunciado que o desfecho não será feliz. O brasileiro Policarpo, que tanto acreditava em mudanças e melhoras, que tanto valorizava o que de mais brasileiro havia, acaba sendo acusado de traidor, e morre na prisão. Ele, antes de sua morte, chega a conclusão que toda a sua vida, sua luta e todos seus sonhos foram em vão. A pátria brasileira, pela qual ele tanto sonhou e lutou, não existia.
Fernando Neves