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Análise - Voz de um Túmulo

Morri! E a Terra — a mãe comum — o brilho 
Destes meus olhos apagou!... Assim 
Tântalo, aos reais convivas, num festim, 
Serviu as carnes do seu próprio filho!


Por que para este cemitério vim?! 
Por quê?!Antes da vida o angusto trilho 
Palmilhasse, do que este que palmilho 
E que me assombra, porque não tem fim!


No ardor do sonho que o fronema exalta 
Construí de orgulho ênea pirâmide alta... 
Hoje, porém, que se desmoronou


A pirâmide real do meu orgulho, 
Hoje que apenas sou matéria e entulho 
Tenho consciência de que nada sou!

Vocabulário:

  • Angusto: Apertado, estreito.

  • Fronema: Onde predomina a razão, no cérebro, e faz com eu o foco do pensamento seja regido por ela.

 

Análise:

            Augusto dos Anjos mais uma vez nos prestigia com seu singular pessimismo e crítica à efemeridade do ser humano diante da vida. No soneto acima, o poeta expõe as fraquezas humanas "Construí de orgulho ênea pirâmide alta" em contraposição com o fatalismo da morte e a incapacidade de alcançar a parte mais profunda do ser "Tenho consciência de que nada sou!". O orgulho é uma patologia da sociedade, impregnada em cada ser humano, e adere à outras mazelas como a vaidade, inveja, superioridade, entre outros, trazendo a procura da satisfação destes por cada indivíduo, que descobre no fim, que é apenas matéria e entulho.

Hannah Lopes

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