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O Inaugurador da Semana de 22

      A época do século XIX apresenta inúmeras reviravoltas no cenário nacional do país, o orgulho à pátria que se possui atualmente ainda estava sendo desenvolvida. E em meio a uma situação tão delicada quanto era possível a essa época desenvolvem-se estruturas familiares que podiam ainda não possuir o entendimento dos poetas brasileiros ou ainda os propósitos do movimento indianista instaurado por aqueles, mas somente compreendiam a vontade de desenvolver nos filhos a vocação e amor ao estudo bem como ao conhecimento.

    Temístocles da Silva, um jornalista e dono de certa propriedade e fortuna, mas ainda favorecido por ser dotado de conhecimento e instrução pôde desenvolver para si uma alma culta e prestigiada que não se detinha ao entendimento encontrado em livros, soube juntamente com a sua esposa, Maria da Glória, desenvolver mais especificamente  no filho José Pereira da Graça Aranha u-

ma pessoa bem instruída e vocacionada e mais ainda por ter tido um pai preocupado com a sua educação e faz com que o garoto tome gosto pelo ensino, mais precisamente o conhecimento das letras e grafia. Cursa Direito no Recife e logo após a sua formatura encaminha-se ao Rio de Janeiro onde se torna juiz e passa a atuar em causas das  mais variadas num Brasil que ainda não possuía um certo consentimento social e organizava a estrutura da sociedade à medida que tenta acompanhar as mudanças ocorridas num ritmo acelerado.

           O agora rapaz estava em contato com novas camadas da sociedade por conta do ofício que ocupa e escuta das mais variados casos que decorrem no cenário do Brasil. Ouve muitos relatos, dentre eles um dos mais importantes, o episódio da jovem alemã que assassina o filho recém-nascido e intriga profundamente a sua pessoa. Esta situação torna-se um importante caso discutido no livro que futuramente lançaria.

            Por possuir uma gama de contatos com uma vasta camada intelectual da sociedade pôde tomar conhecimento de grandes autores da nossa literatura que pretendiam a criação de um local onde pudessem debater as mais variadas questões que estavam sendo consideradas, este local que futuramente seria dado o nome ABL ainda estava em alguns modelos, mas ainda assim teve como ilustre participante, o ainda “moço” nos ramos da literatura pois não detinha publicações, Graça Aranha.

            Contudo, não se deixa ficar somente na jurisdição do território nacional e ingressa numa bem – sucedida carreira diplomática na Europa e toma gosto pelos ideais tão bem engessados no continente europeu como também das diversas situações que se desenvolviam do outro lado do Atlântico e que agora se encontrava justamente neste local. Percebe durante essa longa estadia de quase vinte anos aspectos que formam o seu pensamento quando volta ao Brasil com características mais “modernistas”.

             Volta já em 1921 e toma gosto pelo que estava sendo desenvolvido no ano seguinte 1922 com a semana da arte moderna. Questiona-se sobre o que se estava sendo produzido e aponta detalhes nas construções feitas por artistas atentando para padrões que fugiam ao clássico predominante tão fortemente em território nacional. Depois de atentar para as formas que estavam sendo desenvolvidas chega a uma conclusão de o Brasil estar tendo a iniciativa de fundar um movimento próprio e distinto do que foi produzido até então.

Defende arduamente o que se estava sendo construído na semana de 22, pois se trata tão somente de uma nova consideração feita em território nacional chegando a debater de frente a ABL num discurso proferido na abertura do evento e caracterizando a academia como “antiga” e voltada a padrões “europeus”.

            Em certa ocasião, era tarde e o jornal encerrava sua edição quando recebeu a notícia do falecimento do autor e mesmo que fosse tarde, houve um espaço no folheto que homenageou, onde estava escrito a seguinte nota: “Ele era magistrado, diplomata, romancista, ensaísta, escritor brilhante, às vezes confuso, que escrevia pouco, com muito ruído”. Era o fim de Graça Aranha, mas não o fim de seu legado.

Gabriel Pantoja

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