Um triste fim entre a lucidez e a loucura

Em uma época remota, em que mudanças, decisões e decretos importantes estavam em curso no Brasil, além de muitas conturbações, havia uma família humilde que lutava por seus direitos, lutavam por uma país mais justo e igualitário, assim como muitas outras que nunca foram reconhecidas.
Amália Augusta era uma garota mestiça, nasceu no Rio de Janeiro, vinda de uma família pobre, filha de uma ex-escrava, mas, por ter sido privilegiada e recebido uma educação com melhores condições, conseguiu cursar em uma universidade e tornar-se professora. Durante esse período de sua vida, conheceu João Henriques, também mestiço e de origem pobre, que na época trabalhava como tipógrafo. Em época de abolição da escravatura no país, um paradigma precisava ser quebrado, o preconceito, diante das raças de pele escura e diante de pessoas de classe menos favorecidas, o que não ocorreu por completo.
Mesmo assim, surgiu aí um sentimento de união entre esses dois seres e que não tardou em se transformar em casamento.
Dessa união, nascem quatro descendentes, sendo o mais velho o mais destacado deles, Este era mulato, e como seus pais, teve uma infância muito sofrida. Sua mãe Amália, faleceu quando ele ainda contava sete anos de idade e por ser negro e pobre, sofreu muito preconceito, era excluído da sociedade e tratado como se não significasse nada e nem tivesse função alguma. Contudo, assim como sua mãe, teve a oportunidade de receber uma boa educação, sempre com o auxílio de seu padrinho Visconde de Ouro Preto, estudou primeiramente em Niterói, mas logo se transferiu para o renomado colégio Pedro II, dedicado aos seus estudos e cansado de tanta discriminação, fora um excelente aluno.
Lia muito e tinha um sonho de se tornar um engenheiro, por isso, aos 16 anos matriculou-se na Escola Politécnica. Porém, ele acabou tendo que interromper essa trajetória, recebeu a notícia de que seu pai havia enlouquecido e que precisou ser internado. Nesse momento, as coisas apertaram e ele teve que trabalhar para sustentar seus irmãos. Foi então que, durante esse momento, ele começou a ter contato com a imprensa, tomou-se um autodidata. Inspirado em livros realistas e romances de enfoque social, já que era um desbravador das causas sociais, defendendo sempre sua origem, a sua raça e com isso, foi se especializando, tomando gosto e aos poucos embargando no ramo da escrita, transformando-se em um jornalista escritor. Sempre com um olhar crítico, suas produções possuíam uma qualidade excelente, todavia, por retratar em suas obras temas como as injustiças sociais e as dificuldades na época da república, ele era muito criticado porque a sociedade daquela época era muito idealizadora e não aceitava que a verdade fosse dita e divulgada pela mídia.
Por causa dessas críticas, suas obras não foram bem aceitas, o que acabou tornando-o um solitário, sendo posteriormente entregue à depressão e à vida boêmia, com isso, adquiriu o vício do alcoolismo, e por esse motivo foi internado duas vezes. O álcool virou seu companheiro, e entregue ao ópio, sofreu um ataque cardíaco falecendo no dia primeiro de novembro de 1922.
Suas obras, só foram reconhecidas anos após sua morte. A mais conhecida delas? Triste Fim de Policarpo Quaresma. Quem é ele? Afonso Henriques de Lima Barreto, mais conhecido como Lima Barreto, defensor dos menos favorecidos e um lutador de causas nobres.
Jackeline Miranda