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A feiura está nos olhos de quem vê

Gabriel Albuquerque

            Esse ano mudou minha vida, mostrou como ser uma pessoa melhor. Estava na terceira série do ensino fundamental I e mesmo com pouca idade o conceito de amizade estava crescendo em todo mundo, assim como a maldade na cabeça de alguns.

Nosso ano letivo tinha acabado de começar, muitas atividades, as panelinhas de formandos, mesmas carinhas do ano anterior, porém com algumas pessoas novas na turma. Depois de duas semanas chegou mais um aluno em nossa sala, de início todos tiveram medo, nojo, estranharam e qualquer coisa ruim em relação ao novato, no começo também tive, (calma... não durou muito) tudo isso por causa da sua aparência - quando mais novo, num churrasco de família, ele escorregou e caiu com o rosto na churrasqueira, assim perdendo 65% da face na queimadura.

            O tempo foi passando e as pessoas ainda não conseguiam se acostumar com ele, tanto que não fez nenhum amigo nesse ínterim, até que em um recreio eu me apresentei aí vê-lo chorar sozinho num cantinho do pátio.

            - Oi, me chamo Leona, sim, é um nome incomum e bem forte.

         Ele se assustou e ficou com um pouco de vergonha, mas mesmo assim falou comigo.

            - Me chamo Austin, meus pais não são brasileiros, tenho o nome do meu avô.

              E nisso fomos conversando e criando uma pequena amizade. A maioria de turma fofocava sobre ele e sobre nossa amizade, mal sabiam que o Austin era muito legal.

Numa de nossas conversas no recreio, Austin me contou que coisa bastante depois da escola, pois ninguém conversava cem ele e todos os dias a vontade de ir às aulas só diminuía, ele nunca estudou numa escola, seus pais lhe davam aulas e logo cedo se tornou autodidata.

            No final do semestre, as notas saíram e Austin tinha ficado em segundo lugar com suas médias, perdendo somente pra mim. Porém, o que dos meninos da sala fez o deixou muito triste. Durante o recreio, deram um papel pra ele com os dizeres: " Inteligente e um monstro... seria Albert Einstein ou só o Frankenstein mesmo?". Isso o deixou bem abalado, porém com as amizades que tinha feito, voltou a sorrir novamente. Os meninos maus de nossa sala não o deixavam em paz, por causa da sua aparência.

            Austin só tinha o rosto deformado, mas era um amor de pessoa, tanto que quem o conhecia já se tornava seu amigo logo de cara. Ao fim do amo, a escola fez uma festa e lá ele foi bastante homenageado e ganhou uma placa de agradecimento e honra, pois nesse ano ele tinha tirado as maiores notas da história da escola.

            Eu o abracei, agradeci por ser meu amigo e disse:

           - A feiura está nos olhos de quem vê, jamais isso vai te abalar. Te espero ano que vem.

         Nesse ano entendi que devemos sempre acolher o próximo, pois dentro de cada pessoa há uma história, um humor, um ser maravilhoso.

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