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Precisamos falar sobre Kevin

A origem do ódio e a existência do instinto materno

Fernando Neves

              Em Precisamos Falar Sobre Kevin, somos apresentados a Eva, uma mulher de meia idade que faz uma auto avaliação de sua trajetória em busca de motivos que expliquem o fato de seu filho, Kevin, ter se tornado o protagonista de uma chacina em sua escola. Analisa seu casamento e a importância da maternidade em sua vida, apresentando momento memoráveis da infância de Kevin e se mostrando dividida entre a obrigação de ser mãe e o desejo de liberdade.

                Após ser privada de seus desejos, pelo ofício materno, encontramos a protagonista encarando uma depressão pós-parto. A angústia de Eva intensifica as partes negativas da criação do filho.  Durante a infância do garoto, vemos a extensão desse sentimento contra a tentativa forçada da mãe de sentir algo pelo filho, que não parece demonstrar empatia alguma por Eva, mas que na verdade mostra o começo do desenvolvimento de um sentimento de resposta a ela, o ódio. Porém, ao fazer a viajem nessas memórias, Eva, minunciosamente, relaciona os transtornos de comportamento do filho com sua negligência materna.

                Levar em consideração o massacre protagonizado por Kevin como o resultado de sua relação coma mãe seria a superfície do real motivo que o levou a cometer a chacina. Em um trecho da história, temos Eva decorando seu escritório com mapas na parede, a fazendo recordar de uma de suas maiores paixões, viajar. Ao terminar seu trabalho, se ausenta por um tempo do local. Ao voltar ao lugar, encontra Kevin manchando todas as paredes com uma pistola carregada de tinta. A importância deste trecho está no fato de uma íntegra metáfora da chacina cometida pelo mesmo. Um fato que todas pessoas mortas na chacina tinham em comum era o de todas serem apaixonadas por algo, seja pela família, esporte ou até mesmo estar em um romance, mas o ponto é que isso incomodava Kevin, pois o mesmo não conseguia nutrir tal sentimento, e isso foi o que o levou a cometer a chacina e também a manchar as paredes do escritório da mãe de tinta.

                A psicanálise freudiana explica a personalidade de Kevin através da libido humana, ele tinha essa atitudes para extrair de Eva, um sentimento verdadeiro por ele, o mesmo que Kevin sentia pela mãe, o amor em sua intensidade mais extrema, o ódio. No desfecho da história da história temos essa convicção, mas ela não odeia por ter se tornado um assassino ou por odiá-la e sim pelo fato de ser sentimentalmente mãe, de nunca ter sido preparada para este papel e todas as privações que isso a trouxe. Além disso, a obra levanta muitas outras questões que são tabu até hoje na sociedade como violência infantil e entre outras coisas que dependem diretamente da interpretação individual sobre a obra.

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