top of page

Resumo - Jeca Tatu

     No interior de São Paulo – mais precisamente no Vale do Paraíba – vivia um caipira com sua mulher e vários filhos. Era um homem muito pobre, moravam numa casinha de sapé, suas crianças eram tristes e fracas, e sua esposa era feia e magra.      A miséria da família era alarmante e deixava a todos abismados. Não pela pobreza em si, mas pela preguiça do matuto. O homem passava o dia de cócoras, desanimado e indisposto para realizar qualquer tarefa que fosse.

Perto de sua casa havia um ribeirão, que de vez em quando ia pescar uns lambaris. Também poderia ir ao mato tirar palmitos, caçar, mas nada que lhe deixasse muito cansado: apenas o básico para sobreviver com sua família

     “Que grande preguiçoso!” diziam os vizinhos. A casa do molenga não possuía móveis, a família mal tinha roupas, e não tinha nada que pudesse dar conforto ou comodidade. Algumas peneiras furadas, um banquinho com apenas três pernas, uma espingardinha ordinária e já teriam encontrado muito!

         De tão preguiçoso e fraco, quando precisava buscar lenha, o vagabundo voltava com um feixinho tão fino e pequeno que até parecia esta brincando. Para piorar a situação, o carregava arqueado, com dificuldade, como se fosse um pesado. Quando lhe perguntavam o motivo de não trazer uma lenha ou um feixe maior, o caboclo respondia que “não pagava a pena”. Para o homem, nada pagava a pena, nada era importante. A única coisa que lhe era útil e “pagava a pena” era beber, sendo visto por todos como, além de preguiçoso, um bêbado.

        O malandro possuía alguns poucos animais: um cãozinho, um porco e algumas galinhas. O cachorro era um companheiro fiel do caboclo, mas sofria de bernes que lhe causavam muito sofrimento, a qual ele não se preocupara em tirar-lhes dele. As pessoas torciam o nariz e o achavam insensível, mas ele simplesmente não se importava. Assim como seu porco, que era magro porque não era alimentado, e as galinhas que, pelo mesmo motivo jamais punham ovos. Para jagunço, se os animais quisessem comer, que buscassem seus próprios interesses sozinhos.

      O homem não via futuro na vida, não tinha empenhos, objetivos, sonhos ou qualquer situação que lhe entusiasmasse com a vida. As coisas passaram a mudar quando, num dia muito chuvoso, um doutor pediu para aguardar em sua casa até que a chuva terminasse. Ao notar a miséria da casa e a situação do vadio – chucro e amarelado – pediu para examiná-lo. Constatou que ele não era apenas um homem preguiçoso, ele era doente.

        As dores de cabeça, assim como a canseira infinita que o caboclo sentia eram, segundo o doutor, causadas por anquilostomiase. Tratava-se de uma doença provocada por vermes que penetravam na pele dos pés descalços do mandrião e alojavam-se em seu intestino. O doutor lhe orientou a comprar botas resistentes e tomar algumas medicações.

Mesmo duvidando, seguiu as orientações do médico e os resultados foram surpreendentes. O homem simplesmente não conseguia mais parar de trabalhar. Possuía disposição para dar e vender, cortando e carregando lenha em quantidades cada vez maiores, cuidando de sua esposa, de seus filhos, de sua casa e de seus animais. A aparência de todos na casa melhorou, as galinhas agora botavam muitos ovos e os porcos haviam se multiplicado.

          Preocupado com os vermes que lhe acometeram durante tanto tempo, ele mandou fazer botas rígidas para todos, inclusive para os porcos e galinhas. A população ficava impressionada de ver como o caboclo havia mudado, e como era agora um homem trabalhador e esforçado. Comprou caminhões, enriqueceu e faleceu de consciência tranqüila após muitos anos de sua cura, com 89 anos de idade. Ele não teve estátuas ou reconhecimentos à nível nacional, mas tornou-se uma grande inspiração tanto e que o nome Jeca Tatu  ficou marcado na mente de seus vizinhos e filhos

Cláudio Saymon

© 2016 - Criado pelo 2º ano de Eletrônica da Fundação Matias Machline |   Política de Uso

  • Facebook Clean Grey
  • Instagram Clean Grey
  • YouTube Clean Grey
bottom of page